Oito mulheres que influenciaram a história da psicologia

Em homenagem ao dia das mulheres trouxemos uma pequena lista com 8 exemplos de inspiração na história da psicologia. Sabemos que existiram e que existem várias outras, mas esta é uma pequena e simbólica amostra de como as mulheres ajudaram na construção de nossa ciência.


Margaret Floy Washburn (1871-1939)

Conhecida por seu trabalho experimental no comportamento animal e no desenvolvimento da teoria motora, Washburn foi a primeira mulher a obter um PhD em psicologia em 1894 e foi a segunda mulher a obter o cargo de presidente da APA (Associação Americana de Psicologia) em 1921. Contribuiu extensamente para o desenvolvimento da psicologia como ciência e profissão acadêmica, como em seus estudos experimentais em comportamentos animais e cognição, que foram usados para trazer a idéia de que os eventos mentais são também são áreas psicológicas importantes e legítimas, contrária a noção estabelecida de que o mental era não observável e não digno de investigações científicas. Washburn publicou cerca de 127 artigos, e foi a primeira mulher psicóloga, e segunda cientista, a ser eleita para a Academia Nacional de Ciências (1931). Como mulheres casadas não podiam exercer o cargo de professora em instituições mistas, não se casou, exercendo por 36 anos e incluindo diversas mulheres em suas pesquisas e publicações.


Mary Whiton Calkins (1863-1930)

Foi uma psicóloga, psiquiatra e professora norte-americana que apesar de nascer em uma época em que as mulheres já tinham conquistado o direito de estudar e lecionar em faculdades, ainda enfrentou desigualdades na área de Psicologia. Conseguiu ser admitida no Laboratório de Psicologia da Universidade de Harvard, onde não era permitida a entrada de estudantes mulheres, porém somente após a ajuda de William James, Josiah Royce e seu pai. Além disso, teve seu doutorado recusado diversas vezes pela Universidade de Harvard somente por ser mulher. Apesar das dificuldades atribuídas ao seu sexo, em 1905 Mary Calkins foi a primeira mulher a ocupar o cargo de Presidente da Associação Americana de Psicologia, e sem ter doutoramento. Em sua carreira, apresentou uma interpretação introspectiva, funcionalista e integrada do conceito de self, desenvolveu o método “paired-associate” para estudar memórias verbais e publicou quatro livros e mais de cem artigos.

 

Bertha Pappenheim (1858-1933)

Pappenheim ficou conhecida por seu pseudônimo no caso “Anna O.”, quando foi paciente de Josef Breuer, colega de Freud. Tal caso, presente em “Estudos sobre a Histeria” (1895), pode ser considerado como o fundador da Psicanálise. Porém, a jovem de Viena também fez história como Bertha Papperhein por seu trabalho como assistente social, escritora e líder do movimento feminista. Dedicava-se a uma luta para melhorar as condições das crianças e mulheres desamparadas e vítimas de violência, viajando pelo Leste Europeu. Bertha nunca se casou, o que fomentou teorias de que seu estado civil e feminismo revelassem vestígios de seu prévio caso de histeria, que na época era vista como uma forma de chamar atenção para si.


Anna Freud (1895-1982)

Filha mais nova de Sigmund Freud, contribuiu significativamente para a psicologia infantil, sendo a fundadora da psicanálise infantil. Foi uma das pioneiras na área de tratamento de crianças, e criou um centro de terapia e pesquisas psicanalíticas, hoje intitulado Anna Freud Center, onde aplicou suas teorias, e forneceu serviços clínicos e de enfermagem para crianças sobreviventes do holocausto ou perturbadas por traumas diversos. Uma de suas obras mais conhecidas é “O Ego e Mecanismos de Defesa”, de 1936.


Zerka T. Moreno (1917-2016)

A psicóloga Holandesa foi cofundadora do psicodrama, juntamente com o marido Jacob Levy Moreno. Juntos, fundaram o Instituto de Sociometria e o Instituto de Psicodrama, e a American Society of Group Therapy (IAGP). Além disso, foi diretora do Instituto Moreno em Bacon, Nova York e presidente da IAPG. Zerka Moreno continuou propagando e desenvolvendo a teoria e método psicodramáticos por mais de 30 anos após a morte de seu marido em 1974, abrangendo o treinamento psicodramático pelo mundo. Sua contribuição com livros e artigos se manteve até sua morte recente, em 2016.


Silvia Lane (1933-2006)

Silvia Lane revolucionou a Psicologia no Brasil ao questionar a teoria e prática da Psicologia Social brasileira e latina, desvinculando de padrões estrangeiros. Assim, seu trabalho buscava uma construção de uma Psicologia comprometida com os interesses de uma maioria populacional, buscando transformar a realidade social por meio do ensino, da pesquisa e de novos pesquisadores. Lane teve várias nomeações e conquista, sendo algumas delas a criação da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO), a nomeação para membro do Comitê Gestor da Divisão de Psicologia Comunitária da Associação Latino Americana de Psicologia (1979/80) e para representante do Conselho Universitário na comissão para a elaboração dos estatutos da PUC-SP, e a publicação do livro O que é Psicologia Social, primeira produção bibliográfica para divulgar a Psicologia Social.


Ruth Howard (1900-1997)

A Dra. Howard foi a primeira mulher Afro-Americana a conseguir um PhD em Psicologia. Buscava se dedicar a ajudar mulheres e crianças em sua comunidade desde o início da carreira, e reconhecia e propagava a importância de participar e planejar ativamente na comunidade, se encontrando com famílias, representantes de escolas e clínicas para ajudar crianças órfãs e mulheres desempregadas e que não tiveram oportunidades de educação. Howard traçou um caminho para mulheres na psicologia, trabalhando incansavelmente em prol de mulheres e crianças apesar das dificuldades sociais enfrentadas em virtude de sua cor e gênero.


 Anita de Castilho e Marcondes Cabral (1911-1991)

Cabral foi a idealizadora e fundadora do Curso de Psicologia na USP, e ajudou a formar diversos alunos como pesquisadores, como Silvia Lane. Apesar de enfrentar muita hostilidade por ser uma mulher chefiando o grupo de pesquisa e de inicialmente a Cadeira de Psicologia na universidade pertencer ao Curso de Filosofia, Annita conseguiu a criação efetiva do curso em 1954. Realizou, também, a organização do I Congresso Brasileiro de Psicologia em 1953, foi responsável pela criação da revista Boletim de Psicologia e criou em 1954 a Especialização em Psicologia Clínica com o auxílio de Durval Marcondes, Anibal Silveira e Cícero Cristhiano de Souza. Ademais, foi presidente da Associação Brasileira de Psicólogos de 1957 a 1958 e trabalhou para que a Lei 4.119 de 27 de Agosto de 1962 fosse promulgada, regulamentando a profissão de psicólogo e criando cursos de Psicologia em várias universidades brasileiras.

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Sobre a autora:

Laura Carvalho Carmo – Estagiária de psicologia sob a supervisão do psicólogo Murillo Rodrigues dos Santos (CRP 09/9447).

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