Tenho medo de envelhecer sozinha



Em algum momento da sua vida você se questionou sobre como iria envelhecer, e quando isso acontecesse como gostaria de estar e com quem? Provavelmente você se encontra naquela fase que já passou por vários relacionamentos, mas nenhum despertou o interesse em permanecer e criar laços definitivos com essa pessoa. Por algum motivo, ultimamente tem gerado uma grande ansiedade pelo o que virá nos seus próximos anos, em razão disso se da conta que deseja ter uma família, construir algo com outro.

Com mais frequência os sujeitos da nossa sociedade moderna vivem numa constante luta diária entre atingir apenas objetivos profissionais, abstendo-se de necessidades pessoais, pela falta de tempo ou mesmo de disposição e interesse. O que ao mesmo tempo não exclui o fato de que socialmente existe uma cobrança idealizada que todos os indivíduos devem encontrar um parceiro, para construir uma família ter lindos filhos e serem felizes para sempre.

O medo de se relacionar, em certo nível o medo do amor, se deve a experiências ou a falta delas. Viver a dualidade do medo de se relacionar e medo de ficar sozinha geradora de constante angustia. Os fatores que podem fazer com que exista o medo são diversos: “vou ter que me abster de objetivos pessoais e profissionais por causa de relacionamento?” ou “vou me frustar”, “será que vai dar certo?”, “vou estar vulnerável por estar apaixonada?” e “vou conseguir ter aquele relacionamento que tanto sonhei, ou aquele parceiro, com características específicas que me agradam?”. O medo nesse caso é limitante, já que ele não vai te permitir passar por situações que você deseja vivenciar.

Li um artigo há um tempo atrás onde a autora Maria Araújo explicava como o casamento teve grandes mudanças com a modernidade. “A valorização do amor individual, presente na ideologia burguesa, estabelece o casamento por amor, amor-paixão, com predomínio do erotismo na relação conjugal. Esse novo ideal de casamento impõe aos esposos que se amem, ou pareçam se amar e tenham expectativas a respeito do amor e da felicidade no matrimônio”. Hoje, nada mais obriga estar com outra pessoa, o casamento se sustenta apenas por amor e que seja resultante de constante felicidade, porém para atingir esse ideal é preciso haver disposição de ambos na relação.

Contudo, o casamento não se resume apenas no amor, é muito mais amplo que isso, partindo do óbvio é um contrato assinado com consentimento das partes, deixando essa relação passível de “nós”. Simonetti no seu livro “O nó e o laço” diz que o casamento não é um nó qualquer, ao contrário é um nó bastante ousado, já que tenta unir duas pessoas, que podem ser bastante diferentes, pensam, sentem, falam, agem, amam, gozam e sofrem de maneira bem diferente, são essas diferenças que fazem o laço do relacionamento virar um nó.

A angústia gerada pela incerteza de dar certo ou não com alguém pode ser limitante, esse medo pode impossibilitar de continuar em um relacionamento que não atingir as suas idealizações, a falta de autoconhecimento acaba gerando no parceiro projeções que desgastam a relação levando ao término. Saiba o que é seu e não do outro, para que não determine que ele haja como você.

Não atingir suas próprias imposições e as sociais pode gerar sentimento de rejeição e abandono. Alcançar aquele relacionamento idealizado pode ser difícil, um relacionamento, que seja centrado no compromisso, confiança e intimidade, que veja algum tipo de garantia de que o relacionamento será mantido. São imposições que preocupam, e alguma vez pode ter se perguntando o que tem te bloqueado de seguir em frente com seus relacionamentos? Os motivos podem ser diversos e subjetivos, então se conheça entenda os limites que você coloca na sua vida.

Se identificou com o texto? Tenho outro texto que pode te ajudar a entender esses bloqueios, clique aqui e descubra como se livrar de alguns padrões que atrapalham seus relacionamentos.

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Referência
Araújo, M. de F. Amor, casamento e sexualidade: velhas e novas configurações. Psicol. cienc. prof. vol.22. no. 2. Brasília - 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-98932002000200009&script=sci_arttext&tlng=es
Simonetti, A. O nó e o laço. São Paulo. Integrare Editora, 2009.
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Sobre a autora
Steffi Queiroz e Silva (CRP 09/11032), psicóloga clínica e organizacional, graduada pela Universidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO. (Brasil), MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e Coaching, formação complementar em Avaliação Psicológica em Orientação Vocacional na PUC-GO, atuante na área clínica no Instituto de Psicologia Goiânia com ênfase em psicanálise.

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