Você sabe identificar sinais de abuso sexual infantil?



O abuso sexual infantil pode ser definido como qualquer contato ou interação entre uma criança ou adolescente e alguém em estágio psicossexual mais avançado do desenvolvimento, na qual a criança ou adolescente estiver sendo usado para estimulação sexual do perpetrador. A interação sexual pode incluir toques, carícias, sexo oral ou relações com penetração (digital, genital ou anal), incluindo também situações nas quais não há contato físico, como assédio e exibicionismo. Estas interações sexuais são impostas às crianças ou aos adolescentes pela violência física, ameaças ou indução de sua vontade.

O abuso sexual sofrido por uma criança pode ser identificado por um conjunto de sinais, e ao perceber quaisquer sinais a criança deve ser levada para a avaliação de especialista. Vamos citar alguns sinais comuns:
  • O primeiro sinal é uma possível mudança de comportamento da criança, que geralmente acontece de forma repentina, relacionadas a hábitos ou humor;
  • Proximidade excessiva com alguma pessoa mais velha, levando em consideração que 95% dos casos desse tipo de violência são praticados por pessoas conhecidas das crianças;
  • A regressão é outro sinal, a criança pode recorrer a comportamentos infantis que já tinha abandonado, mas volta a apresentar de repente. Coisas simples, como fazer xixi na cama, voltar a chupar dedo, começar a chorar sem motivo aparente, são alguns comportamentos a serem observados;
  • Segredos, o abusador pode fazer ameaças com o objetivo de manter a criança guardando segredos, e nesse ponto é importante os pais reforçarem que não deve manter segredo com nenhum adulto ou criança mais velha que não possa ser compartilhado com eles;
  • Mudança repentina de hábitos pode ser percebido no contexto escolar, alimentação, sono, ou até mesmo ao cuidar da aparência;
  • Questões sexuais podem ser observadas, ao desenhar (começa a desenhar genitais), buscar brincadeiras de cunho sexual ou algo do tipo, interesses por questões sexuais, e o uso de palavras diferentes das aprendidas em casa para se referir as partes intimas;
  • Questões físicas podem ser observadas como lesões, roxos ou dores e inchaços nas regiões genitais (percebidos pela família em casa) e inclusive podem ser usadas como provas à Justiça.
  • Dificuldade de concentração, de memória, falta de interesse escolar, e muitas vezes a queda de rendimento das atividades escolares, baixas notas, faltas.

O papel de identificar estes sinais cabe à família, ao professor e ao psicólogo caso a criança faça psicoterapia, esteja em contexto jurídico ou hospitalar, por exemplo. Ressaltando que algumas alterações são típicas de um jovem em crescimento ou uma criança que esteja passando por dificuldades de relacionamento, e é importante discernimento, observação e escuta atenta para não criar suspeitas equivocadas. A Psicologia Jurídica é importante neste contexto, para confirmar a ocorrência da violência, e esse processo acontece dentro das limitações técnicas do perito psicólogo. A psicologia clínica por sua vez, irá avaliar e tratar os impactos sofridos pela criança ou adolescente.

A Constituição Brasileira, em seu artigo 227, afirma que: “é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”. Portanto, se você for um dos pais ou cuidadores da criança, um professor, ou um psicólogo, ao perceber quaisquer sinais que podem indicar abuso sexual, é um dever modificar a realidade dessa criança. O Conselho tutelar é o principal órgão de defesa da infância e da juventude, e você pode fazer uma denúncia anônima e ele será apurado pelos dirigentes deste conselho. A denúncia também pode ser feita pelo Disque 100, garantindo sigilo e proteção ao denunciante (embora, em contexto clínico, outras medidas de proteção devam ser tomadas).

Enfim, este texto tem o objetivo de informar estes sinais que devem ser considerados, e se você for um profissional que lida direta e/ou diariamente com crianças, é importante que esteja técnica e emocionalmente preparado. Capacite-se, isso é muito importante para que você esteja seguro e possa exercer a sua profissão de forma ética e responsável.

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Sobre a autora
Suieny Gracielly Nunes de Souza, é estudante de Psicologia na Faculdade Cambury, estagiária do Instituto Psicologia Goiânia, sob a supervisão do psicólogo Murillo Rodrigues dos Santos (CRP 09/9447).

2 comentários:

  1. Preciso com urgencia urgencia para minha filha uma pessoa tocou nas partes intimas dela e a ameaçou e ela nao consegue contar pq esta com medo

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