Autoestima: Centro do equilíbrio humano



É encantador e ao mesmo tempo complexo a maneira como o ser humano lida com sua autoestima, conceito intimamente ligado a forma como o indivíduo se relaciona consigo mesmo, ou seja, o que eu penso e sinto sobre mim. Parece tão simples essa indagação, porém os dramas vivenciados em nossa vida são reflexos dessa intimidade que estabelecemos com a essência do nosso ser. 

Quando entramos em maior contato com o seu significado vamos nos deparar com o aspecto cognitivo que diz respeito ao nosso conhecimento, profissão, vida social e amorosa, em resumo nossa auto-realização e papéis desempenhados em distintos contextos. Também teremos o aspecto emotivo voltado para maneira como nos sentimos diante dos nossos confrontos, e, por último, o aspecto comportamental, ou seja, como nos comportamos diante de nós mesmos (se nos respeitamos, se sabemos entender nossos limites, quais as necessidades a serem satisfeitas e se buscamos o bem estar biopsicossocial).

Podemos compreender a autoestima como centro do equilíbrio humano, assim a pessoa enxerga tanto os seus defeitos como suas qualidades e valores, permitindo-se captar a melhor versão de si, bem como reconhecendo seus limites. Dessa forma estaremos abertos a mudanças intrínsecas em nossa vida. Agora, analise bem essa frase “Eu sou uma pessoa incrível, porém sempre posso melhorar”, estamos diante de um indivíduo que, além de ter uma autoestima saudável, compreende que mudanças são processos graduais e podemos evoluir. 

A autoestima também engloba os conceitos de autoconfiança e autorrespeito. Ela reflete em nossa capacidade de lidar com as adversidades da vida e com nosso espírito de lutar pelo bem precioso que é nossa felicidade sabendo quais são seus interesses, desejos, sonhos, objetivos e necessidades. Sabendo disso, a capacidade de desenvolver a autoconfiança e o autorrespeito de maneira saudável são inerentes ao ser humano. Pensar é fonte indispensável a competência intelectual e o fato de estarmos vivos é fonte primordial da nossa busca pela felicidade. 

Entendo o quão difícil é falar em autoestima para indivíduos que estão imersos em uma cultura que reforça um padrão a ser seguido (“Isso é certo e isso é errado”). Ter autoestima elevada é sentir-se confiante, adequado à vida, merecedor de suas conquistas pessoais, profissionais e amorosas. Já a autoestima baixa é sentir-se errado diante de si mesmo, inadequado à vida e desmerecedor de conquistas. Ainda temos a autoestima média, manifestada por meio dos comportamentos, ora agimos com sabedoria ora agimos com imaturidade. E tudo bem, não há problema. A construção de uma autoestima positiva leva em consideração o seu tempo. Cada pessoa tem o seu tempo, a sua medida, a sua singularidade. Sendo assim, persista em expandir sua capacidade de ser feliz. 

Quanto maior a autoestima, maior será a convicção de que a felicidade, bondade, confiança, empatia, otimismo e amor nos pertencem. Eles serão a chave do sucesso para alcançar qualquer objetivo traçado para nossas vidas. Quanto maior for a sua autoestima, maior nossa capacidade de lidar com os conflitos internos e externos da vida diária, maior criatividade e espontaneidade para desempenhar papeis, bem como maiores possibilidades de cultivar relações saudáveis. Dessa forma, estamos diante da autoestima em equilíbrio.

Existe um cuidado também com a maneira como você lida com sua autoestima, pois ela em excesso pode vir a desencadear a supervalorização de si mesmo, bem como um indivíduo arrogante, prepotente que se sente melhor do que os outros e autoritário. É um grande perigo, fadado ao fracasso, isso impossibilita uma flexibilização de si à compreensão de que nem sempre teremos acertos e sucessos, seremos o melhor funcionário no trabalho, vamos agir com calma diante de pessoas agressivas e/ou grosseiras, vamos acordar felizes e dispostos a levantar da cama, vamos receber só elogios, há dias em que receberemos críticas, rejeições, crueldades, desprezos e julgamentos do outro ou de nós mesmos.  

É comum nos depararmos com indivíduos que fracassam em suas vidas quando estes buscam autoestima positiva, autoconfiança, autoaceitação, autocuidado em tantos lugares, tantos espaços, menos em si mesmos, onde é o único lugar capaz de transmitir a verdadeira resposta para suas dúvidas e questionamentos. Quando conquistamos essa autoestima saudável podemos entender que houve uma conquista no sentido da plena consciência de que o outro não é responsável pelas suas conquistas ou tragédias, mas você é responsável pelas suas escolhas e o direcionamento que você tem dado a sua vida. 

Desenvolver essa autoestima saudável não é tão simples quanto imaginamos, pois requer a nossa entrega física, emocional e espiritual. É o fundamento primordial para agirmos de maneira ativa e positiva nas relações humanas, seja no trabalho, no lar, no amor, no lazer e em contextos diversos, permitindo com que você desfrute das pequenas conquistas, da simplicidade da vida, da troca afetiva nas relações e não menos importante, desfrutar da pessoa que você tem se tornado. 

Por fim, entenda que autoestima não está ligada a quantidade (confiança, competência, respeito ou aceitação), mas qualidade no contato que você tem estabelecido consigo mesmo. É importante trabalhar áreas do desenvolvimento psíquico que diz respeito ao apreço de si, autoaceitação, afeto sincero e atenção as suas necessidades, sejam elas biológicas ou emocionais. Então, pensamentos positivos nos levam a captar o outro como ele é, conversas saudáveis nos levam ao fortalecimento de vínculos e a saúde emocional pode levar ao desenvolvimento de saúde física e o amor próprio pode gerar amor e afeto pelo outro. 

-------
Sobre a autora
Laryssa da Silva Borges é psicóloga (CRP 09/12892) graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (Brasil) com certificado de mérito acadêmico Magna Cum Laude. Atuou como acompanhante terapêutica de crianças com Transtorno do Espectro Autista pela Escola Imaculada. Também participou do grupo de estudos em Transtornos Alimentares pela Rede de Psicologia. Pós graduanda em Psicologia Clínica e Complexidade Humana pelo Instituto Psicologia Goiania (IPG). Palestrante. Atende adolescentes, adultos, casais e grupos com ênfase na terapia cognitivo-comportamental.

3 comentários:

  1. Extremamente o máximo,d'onde tanta gente haja-se,de se espelhar em prol da construção dum novo mundo onde possa-se ter paz em torno de toda a "diversidade". Inda mais sendo pai desta princesa, não hesito em enaltecê-la pelo tão honrado mérito:Te amo filha linda!!!..

    ResponderExcluir

Pages