Oi pessoal, em nossa saga para ajudar a mostrar pontos
específicos de problemas para nossos amigos da psicologia clínica, venho
abordar neste texto um ponto bastante sensível para quem está começando que é a
falta de referência sobre como se
comportar no setting terapêutico.
Você acabou de se formar mas não sabe se a forma como
você se comporta no consultório é adequada pois sente que somente o estágio em
clínica na graduação não foi suficiente, e tem muito medo de errar, se sentir
incompetente ou ter problemas éticos decorrentes de sua postura. Se você passou
ou está passando por isso, não se preocupe, você não está sozinho, este é um
medo relativamente comum entre os terapeutas iniciantes, e sobre estes pontos
eu quero abordar as seguintes questões.
Um dos melhores lugares para você desenvolver sua forma de
agir no setting terapêutico é fazendo a sua terapia: se você tiver um
bom psicólogo, com o qual você possui uma boa identificação, a relação
terapêutica que você desenvolve com ele pode te ajudar a compreender parte da
maneira com a qual você também será terapeuta no futuro. Mas lembre-se, para
isto é importante que você esteja com um terapeuta mais habilidoso e
experiente, de modo que você possa, além de trabalhar seu processo de
autoconhecimento, perceber um pouco de como funciona o manejo clínico.
O segundo ponto interessante para te ajudar a desenvolver
seus referenciais enquanto psicoterapeuta é o da leitura: você possui uma série de literaturas científicas que
poderão te ajudar com ilustrações a respeito do manejo clínico, algumas das
quais são inteiramente focadas em estudos de casos. É extremamente importante,
para ser um bom psicoterapeuta, que o profissional mantenha uma rotina de
estudos, atualizando-se constantemente em diversos temas que o auxiliarão em
seu desenvolvimento.
O terceiro ponto muito importante é: pegue supervisões clínicas, sejam elas individuais ou grupais. É
muito importante que o profissional recém formado tenha condições de receber
supervisões específicas sobre os seus casos, mas que também possa ver colegas
sendo supervisionados, pois este processo é bastante enriquecedor na aquisição
de um bom manejo clínico.
Estes três pontos acima são aspectos práticos profissionais
dos quais eu recomendaria para o iniciante. Todavia, ainda existem outras
coisas da postura pessoal do psicólogo iniciante, que listarei abaixo.
Como se comportar no consultório
O profissional sempre deve possuir uma postura empática,
ativa e reflexiva, e com uma boa escuta do cliente. Independentemente de qual
seja a sua abordagem, a escuta psicológica é um patrimônio que transcende todas
elas.
Preste atenção às suas reações corporais, à forma como se
senta, à forma como fala (tom de voz é importante). Preste atenção à forma como
faz pontuações, pois elas serão super importantes nas suas sessões (e é onde
vejo que a maioria dos psicólogos erra), afinal de contas, você também é parte
do processo terapêutico e deve se colocar de forma ativa em algum momento dele.
Aprenda sobre quais são as expectativas dos seus clientes
sobre o seu trabalho e tenha condições de demarcar com ele se você pode ou não
satisfazê-las, estabelecendo limites para também possibilidades de atuação.
Aprenda também que, para além de uma relação terapêutica,
você está estabelecendo uma relação de consumo, de prestação de serviços, ou
seja, não romantize seu trabalho em excesso! Muitos psicólogos se perdem numa
autopercepção egoísta de altruísmo e esquecem-se que aquilo ali é um trabalho
como qualquer outro, e que nem sempre isso será algo poético.
Seja educado com seu cliente, cumprimente-o da forma como
você e ele se sintam confortáveis (se com abraço, aperto de mão, três
beijinhos, etc), mas sempre que possível, e se a relação assim permitir, saúde
na chegada e na saída. Outra coisa, acompanhe-o até a porta ou a recepção de
seu consultório sempre que puder, isso demonstra carinho, cuidado e
cordialidade.
O sorriso é um grande cartão de visita, desde que seja
genuíno e bem aplicado (tem hora que não dá para sorrir). Enfim, para além
destas existem várias outras pontuações (MAS VÁRIAS MESMO) que eu poderia
fazer, mas deixarei somente nestas para que o texto não se delongue, porque
ainda temos que tratar sobre...
...Como se comportar fora do
consultório
...pois muitas vezes a sua atuação dentro do consultório
acaba se transformando em um reflexo do que está a sua vida lá fora. Ou seja,
estar com o seu processo terapêutico em dia pode ser importante também. Desta
feita, aprenda a perceber as suas “transferências” e de que forma elas se
articulam em sua vida pessoa e profissional.
Outra coisa que você deve prestar atenção fora do consultório
e que influenciará totalmente a sua atuação dentro dele é a sua presença nas
redes sociais. Hoje elas não são simplesmente uma extensão da nossa vida, mas
parte integrante desta e constituinte de relações. Você pode utilizá-las para
conseguir um melhor resultado ou mesmo para atrapalhar a sua carreira, por
isso, tenha prudência e aprenda a utilizá-las de maneira estratégica.
E por fim, estude,
invista em sua carreira, pois não é possível ser um psicólogo clínico de
excelência se não for pela constante atualização de seus conhecimentos. Eu
escrevo isso porque já presenciei vários psicólogos (mas vários mesmo)
cometendo erros primários que atrapalharam demais a sua vinda enquanto
clínicos, sendo que a maioria deles nem fazia ideia disso.
Nós, aqui do Instituto Psicologia Goiânia, desenvolvemos uma
especialização para formar psicólogos clínicos que contém prática
supervisionada e foco na correção destes problemas de mercado de trabalho,
aprofundando os assuntos tratados neste texto. Conheça mais, clicando aqui: https://goo.gl/FcAooV
De todas as
formas, reflita sobre as suas posturas, profissional e pessoal, e em quantas
coisas você pode ganhar ao mudá-las.
Boa sorte e
até breve!
-------
Sobre o autor:
Murillo Rodrigues dos Santos, psicólogo (CRP 09/9447) graduado
pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (Brasil), com formação em
Terapia de Casais e Famílias pela Universidad Católica del Norte (Chile).
Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Goiás (Brasil). Doutorando em
Psicologia Clínica e Cultura pela Universidade de Brasília (Brasil). Possui
formações em Gestão, Empreendedorismo e Políticas pela Fundação Getúlio Vargas
(Brasil), Fundación Botín (Espanha), Fondattion Finnovarregio (Bélgica), Brown
University (EUA) e Harvard University (EUA). Diretor do Instituto Psicologia
Goiânia, psicólogo clínico e organizacional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário