TDAH e as dificuldades de aprendizagem


O TDAH é um transtorno neurológico comum na infância. Estudos demonstram que a prevalência dos sintomas desse transtorno está entre 3% a 5% em estudantes, sendo mais comum em meninos.  Possui como características principais o déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade. A falta de atenção, para crianças portadoras de TDAH significa dificuldade de manter a atenção, distrair com facilidade, não observar detalhes, cometer erros por falta de cuidado, dificuldade de seguir ordens, de organizar atividades, completar tarefas, dentre outros. A hiperatividade se manifesta com movimentos frequentes comopor exemplo: movimentar os pés e/ou as mãos, ou se remexer na cadeira, inquietação e etc. A impulsividade é caracterizada pela dificuldade de esperar a sua vez, reagir automaticamente sem pensar nas consequências, impaciência, interromper a outra pessoa, dentre outros.

Para a realização do diagnóstico é necessária uma análise cuidadosa. É importante avaliar a frequência e a intensidade desses sintomas, seu tempo de duração, se produz prejuízos no comportamento da pessoa e também investigar se os sintomas iniciaram na infância. Conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtorno Mental DSM – IV – TR (Associação Americana de Psiquiatria, APA, 2002) comportamentos como hiperatividade e impulsividade devem ocorrer antes dos sete anos de idade e pelo menos em dois ambientes, por exemplo: na escola e em casa, e permanecer-se constante ao longo do período analisado. 

As principais queixas entre pais e professores de crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) são as dificuldades da aprendizagem, baixo desempenho acadêmico e comportamentos inadequados. Para o SAEB (Sistema Nacional da Educação Básica) o desempenho da criança na escola depende de diferentes fatores: a – características da família (escolaridade, presença, valorização da criança e acompanhamento na escola) b – da escola (qualificação dos profissionais, o espaço físico, materiais pedagógicos) c – e da própria criança (saúde física, mental, auditiva e visual).

A falta de informação tem sido um problema entre profissionais da saúde e familiares que costumam confundir o comportamento de uma criança com TDAH como sendo rebelde e desinteressada, tratando esse problema com preconceito e gerando consequências graves na aprendizagem. 

Na medida em que o TDAH afeta o desempenho e a aprendizagem da criança é importante conhecer melhor esse transtorno e reconhecer que está é capaz de aprender, porém necessita de suporte familiar e escolar. Existem algumas técnicas para educadores que facilitam o manejo da criança com esse transtorno: 1 – Acolhimento: estimule, aprove, encoraje, elogie e ajude a criança a desenvolver atividades, valorize seus sucessos e minimize seus fracassos, seja criativo e afetivo para estimular a criança no interesse nas atividades; 2 – Ambiente: mantenha uma organização externa para melhorar a organização interna da criança, oriente a criança a ficar próximo ao quadro e ao professor, disponha sala com poucos detalhes que possam distrai-la, coloque a criança em turmas menores, esclareça as regras e os limites, inclusive suas consequências, dê ênfase a tudo que é permitido e valorize cada ação dessa natureza, estimule a criança a pedir ajuda quando necessário; 3 – Ações facilitadoras: faça contato visual, proponha uma programação diária e tente cumpri-la, estimule estratégias de memorização (listas, musicas, rimas, etc.) Faça intervalos entre as tarefas como forma de recompensa pela dedicação e conte com o pessoal de apoio da escola sempre que precisar; 4 – Realizando tarefas: destaque palavras-chaves com uso de cores, estimule a criança a sublinhar informações importantes, aumente o tempo para a execução de tarefas e provas, evite atividades longas, incentive a leitura e compreensão por tópicos; 5 – Presença da família: dar feedback para a família dos sucessos da criança e não apenas pontuar as dificuldades, estimule a fazer atividades físicas e oriente os pais  a fazer um cronograma de horários de tarefas de casa.

O tratamento para o TDAH normalmente é acompanhado do uso de medicação estimulante, programas de modificação do comportamento, terapia comportamental familiar, treinamento com os professores, dentre outros, visando controlar a hiperatividade e a impulsividade além de aumentar a concentração dessa pessoa.

Referências

American PsychiatricAssociation-APA (2002) Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais- DSM-IV-TR (4ª ed.) Porto Alegre: Artmed.

Ghigiarelli (2016). TDAH e o processo de aprendizagem. Disponível em: www.tdah.org.br

Goldstein, Sam; Goldstein, Michael. Hiperatividade: Como desenvolver a capacidade de atenção da criança. Campinas, SP: Papirus, 1994, p. 240.

Recondo, R. &Schmitz, M. (2003). Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. In Cataldo Neto, A., Gauer, G. J. C. & Furtado, N. R. (Orgs.) Psiquiatria para Estudantes de Medicina (pp. 636 – 649). Porto Alegre: EDIPUCRS.

Zambom, L. F., Oliveira, M. S., Wagner, M. F. (2006). A técnica da economia de fichas no transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Disponível em: www.psicologia.com.pt.

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Imagem: Extraída do Google Imagens

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Sobre a autora:

Mylena Moreira Melo, Psicóloga (CRP 09/11177) graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (Brasil), psicoterapeuta de crianças, adolescentes e adultos, atua com ênfase na Psicologia Comportamental.

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