Relato de Experiência de uma estagiária (com comentários de seu supervisor em vermelho)

 


Quando eu decidi que queria trabalhar um professor muito querido me disse no final de 2018 para procurar o Murillo, e me lembro de fiquei pouco mais de um mês sutilmente (não foi sutilmente, foi na cara de pau mesmo) tentando conversar com o psicólogo mais ocupado do Brasil.


Desde que comecei meu estágio no início de 2019 no Instituto, eu aprendi muito mais sobre psicologia na prática do que até então 2 anos e meio de faculdade. Quando eu fui pro Instituto eu tinha parado de fazer a terapia há um mês, e junto com o “novo” a minha ansiedade chegou junto (todo estagiário chega pilhado de ansiedade, parece que vem de fábrica, ai além de supervisor a gente dá aquela forcinha terapêutica também pra eles, é normal). No inicio do meu estágio, eu ficava responsável por gerenciar as inscrições dos cursos promovidos pelo instituto, falei com mais gente da psi desses 3 primeiros meses, do que eu imaginava que tinha em Goiânia (e assim a Suieny aprendeu muito sobre networking).


Depois de uns três meses eu tive uma oportunidade que me deixou desesperada, ansiosa, preocupada, mas que foi uma as melhores experiências no Instituto, e que me fez começar a flertar com a Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT) (aqui no Instituto, por mais que o nosso core business seja a área da saúde, oferecemos trabalhos em psicologia em várias frentes). Foi nessa ocasião que vivi na prática como funciona avaliação psicossocial para segurança no trabalho, tive o meu primeiro contato com aplicação de testes em grupo, correção de mais algumas dezenas (acho que foi uma centena, na verdade) de alguns testes, elaboração de laudo psicológico, viajei algumas cidades desse Goiás, e foi nesse momento da minha formação em que percebi de fato que quem avalia, são os psicólogos e não os testes, os testes são somente um instrumento (tive que ensinar essa jovem gafanhota a não idolatrar os testes, e a entender que eles de nada valem sem uma “cabeça” que os interpreta).


Ainda naquele mesmo ano, fui para a recepção do Instituto, fui para a parte operacional e aprendi tanto sobre a tal da rotina clínica. Na faculdade eu achava que era só marcar a consulta e estava tudo ok, era só atender, mas não, longe disso. Eu JAMAIS imaginava que cuidar do gerenciamento de uma clínica era tão trabalhoso, é agenda de psicólogo, agenda de consultório, saber a abordagem de cada psicólogo, que público atende, qual consultório gosta, para tentar não fazer nada errado (posso escrever cagada aqui?) (pode, você fez cagadas na sua trajetória, Su, mas todo estagiário faz, é normal, o supervisor existe pra arrumar, ou tentar, isso) cuidar do ambiente de trabalho, atender ligação de Goiânia inteira querendo falar no América (um plano de saúde para o qual viviam ligando por engano aqui no Instituto) ou marcar psicólogo que atenda pelo Ipasgo, e o mais difícil de tudo: NÃO FICAR CONVERSANDO COM OS PSICÓLOGOS O DIA INTEIRO. Acho que de tudo, ter que me policiar para não dispersar nas conversas na recepção era o mais difícil, porque tinha os psicólogos que às vezes estavam ociosos, e os pacientes que aguardavam, e se deixasse eu ficava lá até falando sobre o meu café que o Murillo acha horrível (o café da Suiney era meio bipolar, às vezes bom, às vezes ruim, mas eu sempre pegava no pé dela).


Conforme eu fui amadurecendo e aprendendo, as responsabilidades foram aumentando, fui aprendendo a fazer avaliação psicológica, aplicar testes, corrigi-los, pegar a supervisão sobre estas avaliações, acompanhar (como observadora) sessões de anamnese/ entrevista", desenvolver olhar e raciocínio clínico. Me lembro do primeiro laudo que eu fiz, o Murillo disse: “Abre a  resolução sobre documentos psicológicos e quero o laudo pronto”, e lá fui eu DESESPERADA (surtada na ansiedade) tentar fazer um negócio que nunca tinha visto na vida, e não é que deu certo? (como é que vai aprender a fazer se não for fazendo, ué?!) Sobrevivi (claro, eu tava lá pra te ajudar a corrigir seu laudo, esse é o lado bom do estágio, você sempre terá alguém pra corrigir seus erros, quando for psicóloga, vai ter que se virar sozinha, mas até lá, já aprendeu muito no estágio). Aprendi a conciliar as atividades da recepção com as demais funções, até perceber que não dava para conciliar.


Lá vai eu estudar sobre marketing, sobre vendas, sobre persona, etapas de funil, outbound, inbound, porque foi a mudança mais difícil que tive no instituto: cuidar da parte comercial em relação aos cursos e especialização, no meio da pandemia com tudo no formato online (aprendeu que psicólogo precisa saber muito mais do que psicologia para exercer sua profissão). UM DESAFIO, e eu aprendi tanto aqui, por mais que eu tenha estudado muito, não acho que os resultados que eu atingi tenham sido satisfatórios, o meu perfeccionismo (dona perfeitinha) gritando neste momento (a gente nunca está pronto, este é o segredo).


Durante esses quase dois anos eu sei que contribui para o Instituto, mas o Instituto contribuiu infinitamente mais na minha vida, tanto pessoal como profissional. Através do Instituto eu fiz Networking, que conheci psicólogos em outras cidades e estados, tive contato com pessoas de renome na psicologia por ter a oportunidade de participar como ouvinte de TODOS os cursos que o Instituto ofereceu, e das aulas da primeira turma da especialização (você foi esperta, aproveitou bem estas oportunidades, muitos estagiários não aproveitaram da mesma forma que você). Fiz amizades com pessoas que participam do meu dia a dia, que me escutam, me apoiam, me orientam e me dão puxões de orelha. Tenho o Instituto como o meu berço na psicologia, porque aqui eu aprendi a caminhar, a ser chata e exigente, a questionar e aprendi TUDO o que eu sei sobre o mercado de trabalho na psicologia. O Murillo/ Pai/ Supervisor/ MESTRE (amo uma piada interna) e a Lorena/ mãe, tenho como pais, porque há dois anos vocês tem cuidado de mim, me ensinado, e feito pais fazem na educação dos filhos (por isso tem que pedir ‘bença’).


Trabalhar no Instituto foi muito mais que um estágio extracurricular, foi uma experiência de vida. Quem me conheceu até 2018, e me conhece hoje, em 2021, sabe que não sou mais a mesma pessoa, nem na minha vida pessoal, nem enquanto acadêmica.


Suieny Gracielly (Vulga Sussu, porque esse nome é complicado de falar viu).

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Comentários meus agora (tio Murillo)


A Suieny me procurou em uma época em que estávamos reestruturando o Instituto: tínhamos um desafio enorme pela frente, e ela queria um estágio que na época eu não podia oferecer... até porque nem dinheiro eu tinha para pagar ela – mas ela QUERIA MUITO, tanto que estava quase me pagando para estagiar aqui! Mas ela iniciou querendo de fato aprender. Meu primeiro combinado financeiro com ela foi: “não faço ideia do que você pode fazer aqui ainda, mas vamos descobrir, e agora eu não posso te pagar muito, mas pelo menos o seu vale transporte eu consigo” (pensei comigo, vou afugentar ela e pronto, ela desiste de me pedir estágio... mas ela topou)... e em pouco tempo eu encontrei uma dinâmica para fornecer uma modesta bolsa de estágio para ela, que deu pra quebrar o galho até aqui.


Mas a motivação dela nunca foi financeira – e quanta gente já me pediu vaga de estágio “porque estava “precisando”” (todo mundo está precisando ($$$) hoje, meus queridos), mas ela queria aprender, tinha este brilho nos olhos. Então, mérito da Suieny de ter conseguido criar uma vaga onde não existia.


Suieny, você me ajudou muito a ser um supervisor melhor. Foi a minha primeira estagiária de psicologia na clínica (já tive gente antes na POT, mas na clínica fostes a primogênita), e me mostrou um bocado sobre ensinar filho crescido (vulgo estagiário). Por isso, quero agradecê-la por este tempo também. Você não sabia que eu retalharia seu texto com meus comentários e publicaria, mas merecia essa atenção depois de dois anos de publicação.


E quando seu período de estágio venceu, e você conseguiu uma boa proposta financeira para outro posto em outro lugar, eu fiquei bastante feliz e te disse, e hoje publico: “eu entreguei uma profissional melhor para o mercado”.


Espero que você trilhe um bom caminho daqui em diante, sempre sabendo que é possível melhorar e crescer. Eu sei que um dia você vai acabar voltando pra cá, já formada e com outras ansiedades, desta vez de profissional, ai daremos início a uma nova etapa na sua caminhada. Você plantou, agora está colhendo, e as portas estão abertas para você.

Se cuida!


Do seu chefe (MESTRE!)


Murillo

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