Eu transo demais, tu transas “de menos”, nós temos um problema...



Um dos maiores problemas que tenho percebido, enquanto psicólogo de casais e famílias, é o da freqüência sexual de um casal quando o relacionamento passa dos primeiros momentos de paixão... O cansaço e o estresse das atividades cotidianas, a rotina do relacionamento, as dificuldades naturais que advém com as questões do futuro, as cobranças e dificuldades de comunicação são elementos que entram na equação que parecem montar um quadro de dificuldade de acerto do timing sexual do casal. O que fazer?

Longe de dar receitas para um relacionamento, é preciso entender a máxima da psicologia de que “cada caso é um caso”, e o que serve para um casal pode não servir para outro. Mas apesar disso, é possível perceber certos padrões de comportamento nos relacionamentos que servem para identificar pequenas falhas que podem ser trabalhadas com o objetivo de fazer o casal sentir-se bem na relação, especificamente no que diz respeito à função sexual.

O primeiro ponto que pretendo abordar é o do cansaço, que é um elemento relativamente comum na vida cotidiana, mas muitas vezes tem o seu poder menosprezado. Em um relacionamento onde ambos trabalham, ainda que um dos parceiros cuide exclusivamente de afazeres domésticos (trabalho não é necessariamente fora de casa), é natural que no final do dia, ou no começo do dia com uma noite mal dormida, fique complicado ter relações sexuais, pois o desejo sexual não é algo que brota do nada, como uma mina d’água, mas precisa ter alguns elementos para existir, e a disposição física é uma delas. Portanto, é preciso que os parceiros atentem-se para as cargas de trabalho que acumulam de forma a terem disponibilidade física para o sexo.

O segundo ponto é o da expectativa que os casais têm em relação ao sexo. O sexo, assim como todos os comportamentos da vida, é aprendido – sim, as preferências sexuais, gostos, posições, fetiches, também fazem parte de um processo de aprendizado que pode ter ocorrido por imitação, observação, imposição, ou seja, é preciso levar em consideração o histórico sexual do casal para entender qual a expectativa que ambos tem sobre o sexo, quais as fantasias, as imaginações. O sexo também é um elemento de significação para os indivíduos, e algumas pessoas podem percebê-lo com mais facilidade, outros com mais dificuldade, e isso tudo precisa ser compreendido.

Questões orgânicas também devem ser levadas em consideração no que diz respeito ao comportamento sexual do casal, como por exemplo, a anatomia dos órgãos sexuais (às vezes o órgão de um parceiro pode ser muito grande ou pequeno em relação ao do outro), a dispaneuria, que é um tipo de transtorno psíquico e orgânico que causa dores durante o ato sexual (se você sente dor ao transar, como vai querer fazê-lo?!), a regulação hormonal (se a testosterona ou progesterona/estrogênio estão baixos afeta a vontade sexual), são vários os exemplos que devem ser levados em consideração. Algumas destas questões só poderão ser resolvidas com o acompanhamento médico e psicológico, outras podem ser facilmente manuseadas com a troca de posições sexuais durante a cópula, por exemplo.

O quarto ponto também é importante, e muito negligenciado (na maioria das vezes por homens) que é o da higiene, o que inclui a limpeza dos órgãos genitais, os odores, e até mesmo a apresentação estética. Sabe aquela cueca furada e machada?! Pois é, talvez ela não ajude muito a despertar desejo no/na parceiro(a) e também tem a ver com higiene (sexual, mental, etc). Então, prestar mais atenção na apresentação corporal, no asseio, no banho antes do sexo, nos odores corporais podem ajudar a melhorar o sexo no relacionamento.

O quinto ponto também precisa ser considerado que é o da Insensibilidade Cotidiana, ou seja, não adianta a pessoa passar o dia inteiro distribuindo “patadas” no parceiro, e no final do dia se transformar num anjinho carinhoso querendo sexo... não rola! É preciso perceber que um sexo bem feito começa na relação diária, no afeto, no carinho dos parceiros, e em uma série de habilidades que um casal precisa aprender a construir.

Temos também o clássico ponto da Falta de Preliminares! Para quem não sabe, a lubrificação masculina e feminina, que são elementos chave para uma boa relação sexual, funcionam de forma diferente, e isso precisa ser considerado! Seja seu parceiro homem ou mulher, é preciso entender que existe uma forma de ativar a secreção das glândulas vaginais e penianas por meio de tato, olfato, visão, audição e paladar... ou seja, o sexo se faz com todos os sentidos, não é simplesmente um põe e tira de elementos estranhos! Então, valorize as preliminares. Caso haja dificuldades orgânicas de lubrificação por algum dos parceiros, pode-se investir em lubrificantes à base de água, por exemplo.

Cobranças são elementos que também podem somar-se à esta equação, na medida em que, quando feitas de forma não assertiva, podem gerar sentimento de inferioridade e baixa autoestima no parceira, especialmente por conta de questões relacionadas à desempenho. Neste sentido, é importante saber como comunicar as necessidades ao parceiro, mas sempre de forma a considerar os momentos e situações em que o outro vive (se colocar no lugar do outro).

Mas todas estas questões acabam uma vez ou outra, por esbarrar em alguma dificuldade de comunicação. Sim, o clássico problema dos casais que não conseguem estabelecer formas mais saudáveis de diálogo na relação. É preciso conhecer melhor a si e ao outro, tendo noções das questões aqui levantadas, e na medida em que se consegue ter mais clareza das formas de solucionar os problemas da sexualidade do casal.

Nem sempre os parceiros terão a mesma vontade, facilidade ou liberdade para se expressar sexualmente, mas com um pouco de compreensão mútua, diálogo, autoconhecimento e estratégias psicológicas adequadas, é possível encontrar um ponto em que o relacionamento sexual, seja em frequência ou intensidade, seja satisfatório para ambos.

Se você está passando por esta dificuldade, não se desespere, um casal, assim como o ano, passa por várias estações, especialmente na sexualidade: algumas vezes é primavera, outono, inverno ou verão. É preciso saber como lidar com cada estação, de modo a manter o relacionamento saudável e pronto para os desafios da vida a dois. Às vezes, quando você sentir que não consegue superar esta dificuldade, pode ser interessante procurar ajuda de um profissional. Neste caso, entrem em contato conosco, por meio de nosso whatsapp (62 98227-9511) e veja como é possível marcar uma sessão de avaliação de seu caso.

Não se esqueça, é importante ser feliz, e buscar a saúde em todas as esferas de nossa vida.
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Sobre o autor:
Murillo Rodrigues dos Santos, psicólogo (CRP 09/9447) graduado pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (Brasil), com formação em Terapia de Casais e Famílias pela Universidad Católica del Norte (Chile). Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Goiás (Brasil). Possui formações em Gestão, Empreendedorismo e Políticas pela Fundação Getúlio Vargas (Brasil), Fundación Botín (Espanha), Fondattion Finnovarregio (Bélgica), Brown University (EUA) e Harvard University (EUA). Diretor do Instituto Psicologia Goiânia, psicólogo clínico e organizacional.

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